12.8.11

trecho do ato 2, sobre P.

Seu corpo é insinuantemente virgem. (...) um farol de desejos à beira
de um mar; como se desejos se perdessem e olhassem para ele para
saberem onde estão. (...) a prece que ele fazia a noite; ao sexo que
ele sonharia. (...) O mais bonito de P. habitava nos gestos desse
corpo: o que colocavam as suas mãos quando me tocavam o rosto – ...o
elemento que elas punham em mim-; o que elas apertavam com os dedos ao
segurar um livro, nas rupturas de um livro, nas colisões entre sua
própria história e a vida das palavras. A beleza de P. não é nome que
lê-se em voz – ou coisa alguma concreta -, mas o pensamento cintilante
que lhe ocorria toda noite: a volúpia da harmonia entre seu corpo
virgem e seu significado de beijos, lâminas de peles e vociferações.

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