5.1.08

Alongo-me

Alongo-me
Para alcançar os seus braços.
E no toque cada recompensa respinga ao calor suado.
Abraçam-se os longes
Como horizontes desenhados sumidos, sem traços nos dividindo,
Amantes, rompantes e infinitos mesclados.

Recuo meus lábios
Para estender-me restrito, a mim, e beijo-me tácito
Por meus braços alcançado, enamorado por si.
Tenho-me fera nas carícias famintas,
Tenho a mim quando sou passivo aos meus atos, de quatro
Para meus sacramentos. Alongo-me.

Contigo somo braços
Somo fôlego,
Tépido em corpo, desmancho-me.

Pelos seus olhos, me vejo fundo
como quando próximo
cada vez mais distante
E dessa soma me diminuo, subtraio.

Me perco
De um momento que estivemos juntos
já em outro não me tento
não te quero e nem pertenço

Ao que se foi real
sombra, fúria, mãos

agora solto
líquido, desaguando

E o que era encorpado, o abraço
escorre em corpo no defronte da face Liberdade; que caiam os nossos braços,
escorre na colheita do desencarne; no perceber-me magro;
pelo suco; seco; gozo que enruga meu fálico.
Sôo agora acústico

por estar calado; mudo; de braços só músculos e a textura da pele fugida em fumaça
depois de queimada;
Sôo guitarra; sombras sob o palco, em uma lenta balada
acaricio em prelúdios sem cadencia, na carência da falta, repleto de mim, a poeira com meus passos
descalços
que dançam por poderem. Que andam por não poderem ser andados por ti
e não abraço mais um amor;

Alongo-me surgindo
no seu dorso, nuca, açoito, luar

E na atmosfera rubra de luzes manchando o espaço
convido suas vergonhas a nuas vencerem-se; seus movimentos; em primeiro ato; para o tango
descalço...

(Felipe Ramirez e Rodrigo Almeida)

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