27.3.08

Vida humana

O silêncio é o resto da poesia.
Se for possível.
Ler alergias em peles e teus coçados.
O silêncio é a poesia.
E o não-coçar
subindo em súplica,
a unha.
Febres que termômetro nenhum
sente.
O que não lemos.
O anoitecer.


Eu tenho lábios tímidos
e abri-los lentos é o que sinto.

Lágrimas. E cede, salivada, delas.
E mal começam a molhar a pele,
meu dedo, antes da boca, as bebe.

O seco, o engolir da saliva. É minha vida.

O beijo no travesseiro.
A mordida é meu ensejo.
O recíproco que finjo.

Por um momento é o que sinto.

A ereção
com sonhos que não recordo.
É como te quero, impreciso.
Se nego lembrar-te,
é o sentí-lo...
silêncio...
os...

No susto de mim.

A vontade de você me...
Fogo.
O fio de cabelo na boca,
perdido.
Roçando,
arrepios,
a pele,
num coce
evitando
o cessar
desse frio.

O vento que infla o meu físico,
pela blusa de malha.

Um ninho vazio.
Ali eu vejo
que o amor foi criado por aves
e...
nesses três pontinhos,
meu hino.

Tenho o ronco do estômago, a insaciação,
ruída.

Você...
Quando a ventania,
na rua
sombria
faz redemoinhos
e fascina.

Um silêncio em partituras,
à mão direita.
A respiração ofegante,
a mão direita,
a mão,
o lance,
a voz e o silêncio.

O cheiro
do tempero,
na panela ainda. Insípido.
Aquilo que perco.

A saudade, o teu cheiro que se desfaz.
Na contração do semblante, eu te amo.

Eu criança no balanço, eu te amo.

Eu te.
A dança desse ano.
A temperança que sinto por dentro.
O piano.
O beijo e o pescoço namorando.

Eu te silêncio.

Um comentário:

  1. "CARALHO!
    falo nada, coisa linda"

    Sinto tua ofegancia enquanto leio, o desejo, o amor, o desejo denovo... toda a dor, no peito, no corpo, no todo, na alma, em tudo, em mim, nele, no objeto, e volto pra alma.
    Ah amor, tuas palavras. Ah, palavras e palavras... como sabes usa-las bem! Me lembro uma coisa agora, pra te falar depois, poesia do drummond da rosa do povo.
    me lembra pessoalmente

    eu te amo muitoooo

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