30.3.09

"Tomas, eu sei que deveria ajudá-lo. Mas não posso. Ao invés de ser o seu apoio, sou o seu peso. A vida é muito pesada para mim e é tão leve pra você. Não consigo suportar esa leveza, essa liberdade. Não sou forte o suficiente."



Diga-me qual é o problema. Qual é o problema?

Você esqueceu de lavar o seu cabelo.

O que você está dizendo, Tereza? O que está havendo?

Seu cabelo está com cheiro de...

De quê?

Do sexo de outra mulher. Eu achei que você tinha voltado por mim.

Eu voltei por sua causa, Tereza. O que você está dizendo?

Então por que você continua a encontrar outras mulheres?

Não sei o que dizer a você.

Eu sei, eu sei. Você me explicou milhares de vezes. Milhares de vezes. Há o amor e há o sexo. Sexo é entretenimento, como futebol. Eu sei que é leve. Gostaria de acreditar em você. Mas como alguém pode fazer amor sem estar apaixonado? Eu simplesmente não sei. Deixe-me tentar. Não. Você me rejeiraria se eu tentasse. Eu gostaria de ser como você. Insensível. Forte. Forte.

(A insustentável leveza do ser)

3 comentários:

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  2. voltarei aqui para, com calma, dedilhar cada palavra, cada silaba, cada silencio do seu texto. Seus textos são mais escassos que suas fotos, mas preciosos, como todas as coisas que são raras no mundo.
    Boa Pascoa

    (não o salvei, então por favor não o apague, pode ser?)

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  3. O que excita a alma é justamente ser traída pelo corpo que age contra a sua vontade , e assistir essa traição...
    ...só uma relação isenta de sentimentalismos, em que nenhum dos parceiros arrogue direitos sobre a vida e a liberdade do outro, pode trazer felicidade para ambos, dizia Milan Kundera no livro A insustentável leveza do ser.


    Mas não. Venho apenas ver se a brisa fez esvoaçar uma mecha de cabelo, daquelas que corta o rosto, dificultam o olhar, num desalinho que só depois os dedos podem arrumar, só isso que venho ver.

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