4.5.09

Capítulo 4 (O longa-metragem de um porta-retrato num quadro por segundo.)

NA TUA BOCA EU BEIJO O MEU NOME

Lábios são heróis, às vezes,
discursando a paz política das mentes
quando a paz é sede.
Lábios são às vezes asas, simplesmente.
E o poder voá-los
mais alto, mais
ave. Reticente. Luneta em tuas ciências
do espaço; de estrelas; do ato luminescente
do privilégio da palavra, das declarações,
dos conselhos que perduram,
da boca inerente
ao próprio uivo.

: poder ser teu instrumento.
Sax ao vento
que desabrocha
dos lábios músicos.
A boca inerente a própria música.

Por onde dormes agora? De repente
te sinto amores…

E tuas pálpebras hoje também são minhas.
Você me dorme, às onze e trinta, bocejos
à meia-noite.
Nós, duas horas extremas,
sonhamos o mesmo.
Sonho tua presença onde estejam meus desejos.

Como é alta a tua voz, e íntima…
…e doce é o que dizeis.
Tua palavra na minha língua…

…me umedecendo.

Sabe que sou vasto
quando menos?
Que canto aos gritos o silêncio?
Há imensos mares em mim.
Há tanto ar me convencendo
...
E altitudes.
Vôos.
Teu pensamento em mim.
O topo das árvores e a sombra.
A folhagem ouvida na cidade.
A lembrança do interior.

A saudade esquecida em sua plenitude.
A carta da juventude.
A tarefa da flor...
Convencendo a menos rasteiro,
a menos suor e mais calor.
A longe da cidade,
mais inteiro.

Menos denso, mais diários,
mais maduro em menos tempo.
E livre... ser-te bálsamo,
E a flor sonhar teu perfume.

Traga teus bandos e cardumes.
Estou lago,
esperando-te há toques passados
ansiosos

por tocá-lo.

A verdade
existia
quando
eu, menino ainda, com o meu desequilíbrio no andar,
aguardava a vida.

A tua face
na minha.

Aguardava o fim das vergonhas.
O início das próximas horas.
A música que a mão contorna,
e transparente, invisível, chora-me tímpanos.

Aguardava o conselho das senhoras.
O medo passar.
As respostas
do outro lúcido.
“E aguardar é a confiança, criança,
no futuro que virá.”
A Verdade transparece (você),
um vidro que aos poucos amanhece
bem claro, cada vez mais, até que dourado
e menos mordaz, suave (suado), torne-se um papiro em branco
amarelado. A verdade precisa
ser escrita. Antes desse exato momento,
tudo, todos somos verdadeiros.
Tudo acontece.
A “mentira” é o que foi ignorado.

Que eu te seja verdadeiro.
Escreva em mim o teu presente
e os teus beijos.

Deliciando
a pele pelos cantos.

A pele entregue.
Eu preciso
de arma.
Nem que seja um piano,
aqui em casa,
e o meu canto de extrema prudência
e palavra luminosa, e silêncio profundo.
Fora isso, nada.

Silêncio é a harmonia dos sons.
E ela é a tua fala.

2 comentários:

  1. sax ao vento =)

    amei o capitulo 4. até entao, meu predileto. haha
    =*

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  2. Não sei porque falo aqui.
    Alem de inútil, não há nada a acrescentar
    Este poema é para ser lido em voz baixa
    É para ser dito em sussurros lentos
    É para ser vivido.
    Não, este poema não é para ser dito.
    É para ser falado apenas com a cumplicidade do olhar e do gesto
    (afinal o silêncio sempre é a harmonia dos sons)

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